Francisco Henrique Ruas's profile

tradução Inglês / Português

The COVID‐19 epidemic through a gender lens: what if a gender approach had been applied to inform public health measures to fight the COVID‐19 pandemic? 

                   Epidemics occur within the existing ecosystem of socioeconomic determinants of health, including class, gender, race, income, employment and individuals’ physical environment. The Zika virus epidemic (2014–2017) demonstrated disproportionate effects of an emerging pathogen on women and children. The immediate and long‐term effects of congenital Zika infection have magnified the social, economic and emotional burdens on women (Wenham et al. 2020). Three months into the COVID‐19 pandemic, we know that the course of disease and the effects of preventative and containment measures differ by gender. Women are at a higher risk of experiencing partner violence and inequitable gender roles mean that women have added responsibility for organising and caring for their households (cf. John et al. 2020).
                    The economic impacts of the COVID‐19 pandemic are inherently gendered. Women disproportionately bear the brunt of work that encompasses the ‘unproductive’ (unpaid or low‐paid) and therefore unrecognised realm of maintaining the household: childcare, housework, caring for aging members and providing frontline healthcare. If the economy, as part of a gendered political system that privileges traditionally male‐centric activities as ‘productive’, e.g. profitable (cf. Federici 2011), is shaping how governments adopt quarantine and isolation measures, we must interrogate the public health response to COVID‐19 through a gender lens.
                In an effort to protect society from COVID‐19, politicians and public health experts have failed to consider the ways in which we are vulnerable within our own homes. Measures such as ‘shelter in place’, have effectively trapped abused women in close quarters with the perpetrators, leaving them with restricted opportunities to escape the confines of home. With ongoing confinement and limited economic opportunities, increased stress affects mental health, resulting in conflict within the home. The externally mandated lockdown further restricts women’s access to sources of social support. If lower report rates are reported, those relate to the impossibility of having a safe space to talk and to report these crimes, and globally incidence of femicide has skyrocketed. There is an urgent need to document and mitigate the impact of confinement measures on women and children in light of a broad spectrum of gender inequities.
                     To avoid propagating existing inequities, the public health response to COVID‐19 must incorporate these social‐ and gender‐dimensions into a human rights‐based approach to equitable access to testing, care, and financial and mental health support. Vulnerable migrants, displaced, indigenous, homeless and differently abled populations are disproportionately affected by the pandemic. Health and economic inequities resulting from the COVID‐19 crisis should be analysed from an intersectional perspective to critically examine the pandemic’s socioeconomic and emotional impact.

tradução (PORTUGUêS):

A epidemia de COVID 19 sob uma perspectiva de gênero: e se uma abordagem de ‐ gênero tivesse sido aplicada para informar as medidas de saúde pública no combate à pandemia de COVID 19? 

                 As epidemias ocorrem dentro do ecossistema socioeconômicos da saúde, incluindo classe, gênero, raça, renda, emprego e ambiente físico dos indivíduos. A epidemia do vírus Zika (2014–2017) demonstrou efeitos desproporcionais de um patógeno emergente em mulheres e crianças. Os efeitos imediatos e de longo prazo da infecção congênita pelo Zika ampliaram as cargas sociais, econômicas e emocionais sobre as mulheres (Wenham et al. 2020). Três meses após o início da pandemia de COVID 19, sabemos que o curso ‐ da doença e os efeitos das medidas preventivas e de contenção diferem por gênero. As mulheres estão em maior risco de sofrer violência por parte do parceiro, e papéis de gênero desiguais significam que as mulheres têm uma responsabilidade adicional na organização e cuidado de seus lares (cf. John et al. 2020). 
                      Os impactos econômicos da pandemia de COVID 19 são inerentemente marcados ‐ pelo gênero. As mulheres suportam desproporcionalmente o peso do trabalho que engloba a esfera “não produtiva” (não remunerada ou mal remunerada) e, portanto, não reconhecida de manter o lar: cuidados infantis, trabalhos domésticos, cuidados com membros idosos e prestação de serviços de saúde na linha de frente. Se a economia, como parte de um sistema político marcado pelo gênero que privilegia atividades tradicionalmente centradas no homem como “produtivas”, por exemplo, lucrativas (cf. Federici 2011), está moldando como os governos adotam medidas de quarentena e isolamento, devemos questionar a resposta de saúde pública à COVID 19 por meio de ‐ uma perspectiva de gênero.
                       Num esforço para proteger a sociedade da COVID 19, políticos e especialistas em ‐ saúde pública deixaram de considerar as maneiras pelas quais somos vulneráveis dentro de nossas próprias casas. Medidas como “ficar em casa” efetivamente prenderam mulheres vítimas de abuso em espaços próximos aos agressores, deixando-as com oportunidades limitadas para escapar do confinamento doméstico. Com o confinamento contínuo e oportunidades econômicas limitadas, o aumento do estresse afeta a saúde mental, resultando em conflitos dentro de casa. O lockdown externamente imposto ainda restringe o acesso das mulheres a fontes de apoio social. Se taxas mais baixas de denúncia são registradas, isso está relacionado à impossibilidade de ter um espaço seguro para falar e relatar esses crimes, e globalmente a incidência de feminicídios aumentou drasticamente. Há uma necessidade urgente de documentar e mitigar o impacto das medidas de confinamento sobre mulheres e crianças diante de um amplo espectro de desigualdades de gênero.
                         Para evitar a propagação das desigualdades existentes, a resposta de saúde pública à COVID 19 deve incorporar essas dimensões sociais e de gênero em uma ‐ abordagem baseada nos direitos humanos para acesso equitativo a testes, cuidados, apoio financeiro e de saúde mental. Migrantes vulneráveis, deslocados, populações indígenas, pessoas em situação de rua e pessoas com habilidades diferentes são desproporcionalmente afetados pela pandemia. As desigualdades em saúde e econômicas resultantes da crise da COVID 19 devem ser analisadas a partir de uma ‐ perspectiva interseccional para examinar criticamente o impacto socioeconômico e emocional da pandemia.                                                                     
                                                                                               Grupo de Trabalho em Ciências Sociais sobre o Zica Viruz
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